Da Homenagem Familiar à Inovação: O Poder da Música em Duas Frentes

A música possui uma capacidade única de conectar gerações e celebrar tradições, ao mesmo tempo em que serve como veículo para romper barreiras e criar paisagens sonoras totalmente novas. De canções que se tornaram hinos familiares a bandas que desafiaram qualquer classificação, a arte dos sons continua a nos surpreender. Nesta matéria, exploramos duas facetas fascinantes desse universo: a celebração do Dia dos Pais através de clássicos internacionais e a história de uma banda cult dos anos 90 que ousou tirar a música de câmara do seu pedestal clássico.
Canções para o Dia dos Pais: Uma Tradição Global
O Dia dos Pais é uma data comemorativa celebrada mundialmente para homenagear a figura paterna, embora as datas variem. No Brasil, a comemoração acontece no segundo domingo de agosto, enquanto em Portugal é no dia 19 de março. Já nos Estados Unidos e na Inglaterra, a celebração ocorre no terceiro domingo de junho, frequentemente coincidindo com o dia de São José, pai adotivo de Jesus, em muitos países ocidentais.
A implementação da data no Brasil é atribuída ao publicitário Sylvio Bhering, então diretor do jornal O Globo e da Rádio Globo. Com o objetivo de impulsionar o comércio, a data escolhida foi o dia de São Joaquim, pai da Virgem Maria. A primeira celebração ocorreu em 16 de agosto de 1953. Curiosamente, a tradição pode ser ainda mais antiga: relatos indicam que, há mais de 4 mil anos na Babilônia, um jovem chamado Elmesu teria moldado em argila o que seria o primeiro cartão de Dia dos Pais da história.
Para marcar a data, a música internacional oferece uma trilha sonora emocionante. Confira 10 canções que exploram a relação entre pais e filhos:
-
Cat Stevens (Yusuf Islam) – Father & Son
-
Paul Simon – Father And Daughter
-
Beyoncé – Daddy Lessons
-
Eric Clapton – My Father’s Eyes
-
George Michael – Father Figure
-
Phil Collins – Father to Son
-
Bruce Springsteen – My Father’s House
-
Stevie Wonder – Isn’t She Lovely
-
Foo Fighters – My Hero
-
Demi Lovato – Father
Rachel’s: A Banda Cult que Desafiou os Gêneros nos Anos 90
Enquanto muitos artistas usam a música para honrar tradições, outros a utilizam para quebrá-las. Em meados dos anos 90, o cenário musical americano vivia uma era peculiar. Após o estouro de bandas como Nirvana e Green Day, as gravadoras buscavam freneticamente a próxima fórmula para o sucesso do rock, contratando indiscriminadamente bandas de guitarra na saturação do pós-grunge.
Foi nesse ambiente que um grupo inesperado se destacou. “Muitas pessoas olhavam para os selos independentes em busca do próximo Nirvana”, comenta Christian Frederickson, violista do grupo de música de câmara Rachel’s, de Louisville. “Embora obviamente não fôssemos nós, acredito que nos beneficiamos desse momento.”
Com um núcleo formado pelo guitarrista e baixista Jason Noble, a pianista Rachel Grimes e Frederickson, o Rachel’s criava uma música elegante e mutável, que pode ser vagamente descrita como pós-rock ou precursora do fenômeno neoclássico popularizado por artistas como Nils Frahm. Apesar da distância do som pesado e cheio de microfonia do grunge, seu álbum de estreia de 1995, Handwriting, foi um sucesso inesperado entre os fãs de música indie.
No entanto, a recepção nem sempre foi calorosa, especialmente entre os puristas. “Parecia haver muitas pessoas profundamente insultadas por termos colocado baixo e bateria com piano e cordas, e por tentarmos fazer isso de forma séria”, relembra Grimes com um sorriso.
Longe de serem agitadores, o Rachel’s era, na verdade, produto de uma fértil cena punk de Louisville, uma linhagem que incluía nomes como Slint, Squirrel Bait e Bonnie “Prince” Billy. “Sinto que, em grande parte, não podemos escolher os sons que saem de nós”, reflete o músico Will Oldham (Bonnie “Prince” Billy). “A música feita aqui em Louisville sempre pareceu mais um projeto de compulsão do que de planejamento. Com isso em mente, a ideia de gênero é uma perda de tempo.”
A formação da banda ocorreu lentamente. Jason Noble, que também tocou na influente banda de pós-rock Rodan, estava na faculdade de arte em Baltimore quando um encontro casual em 1991 mudou tudo. “Meus amigos e eu estávamos no mesmo ônibus que ele e seus amigos”, conta Frederickson, que na época estudava no Conservatório Peabody. “Eles eram claramente estudantes de arte, e nós, de música clássica. Começamos a frequentar os eventos uns dos outros e a conversar sobre a música em que ele estava trabalhando.”
Após largar a faculdade de arte e voltar para Louisville, Noble entregou uma fita com as gravações para a pianista e compositora Rachel Grimes, que ele conheceu em uma festa. Grimes, que vivia uma vida dupla estudando música durante o dia e tocando rock indie à noite, ouviu o material e a semente do Rachel’s foi plantada, dando origem a um dos sons mais singulares e influentes da sua década.