Spotify busca novas receitas com expansão para CTV e aumento de preços

O Spotify está implementando uma série de mudanças estratégicas focadas em diversificar suas fontes de receita e consolidar sua posição no mercado de streaming global. As iniciativas recentes incluem uma forte expansão para o mercado de TVs conectadas (CTV), o aprimoramento de controles de segurança na plataforma e novos aumentos de preço em mercados-chave, como o Reino Unido.

Aposta nas TVs Conectadas para Impulsionar Publicidade

Seguindo uma estratégia similar à do YouTube, o Spotify está reforçando sua presença nas telas grandes com uma versão reformulada de seu aplicativo para a Apple TV. Usuários agora podem assistir a videoclipes e podcasts em vídeo diretamente em suas televisões. A atualização também inclui recomendações do “AI DJ”, gerenciamento de fila aprimorado, uma interface de usuário redesenhada para o tvOS e controle remoto via Spotify Connect.

Este movimento visa capitalizar o lucrativo mercado de publicidade em TVs conectadas (CTVs), que apresenta um público altamente engajado. Projeções de mercado indicam que os gastos com anúncios em CTV devem atingir US$ 51,67 bilhões em 2029, um aumento de 58,1% em relação a 2025.

Se o Spotify obtiver sucesso em aumentar o engajamento com vídeos nas TVs, a empresa poderá redefinir sua imagem, aproximando-se do entretenimento em vídeo tradicional. Isso posiciona a plataforma não apenas como rival do YouTube ou Apple Music, mas como um potencial concorrente no ecossistema de TV mais amplo, ao lado de gigantes como Netflix e Hulu. A plataforma pode evoluir de um serviço de música de fundo para um ecossistema de streaming completo, disputando o tempo diário dos usuários na TV.

Essa expansão visual também é uma tentativa de revitalizar seus negócios de publicidade, que apresentaram estagnação no segundo trimestre. O objetivo é desbloquear novas oportunidades de monetização através de anúncios em vídeo premium, um segmento atualmente dominado pelo YouTube. A priorização de videoclipes, lançados em 2024, é estratégica, visto que 39% da Geração Z os aponta como seu tipo de conteúdo vertical mais assistido, segundo dados da Toluna.

Reforço na Segurança e Controles Parentais

Paralelamente à expansão do conteúdo de vídeo, o Spotify enfrenta novos desafios de moderação. Em resposta, a empresa introduziu controles parentais aprimorados diretamente no aplicativo principal, permitindo que os pais gerenciem as contas de seus filhos através das configurações do plano familiar.

As novas configurações permitem aos pais alternar o acesso a conteúdos explícitos, bloquear artistas ou músicas específicas e, crucialmente, desativar o acesso a vídeos postados na plataforma.

Esses controles chegam em boa hora. A plataforma foi recentemente criticada por permitir a circulação de pornografia através de seu recurso de vídeo. Embora o Spotify tenha agido rapidamente, afirmando que “material sexualmente explícito” viola seus termos de serviço, a capacidade de desativar vídeos oferece uma camada extra de segurança. A medida também se aplica ao sistema de mensagens diretas, introduzido no início do ano, que agora pode ser desativado para usuários mais jovens.

Aumento de Preços para Impulsionar Receita de Assinaturas

Além da estratégia de publicidade a longo prazo, o Spotify está agindo para aumentar sua receita de assinaturas imediatamente. A empresa confirmou um aumento de preços no Reino Unido, o terceiro maior mercado de música gravada do mundo. Este é o segundo aumento no mercado britânico em aproximadamente 18 meses.

O plano individual premium passará de £11,99 para £12,99 (libras esterlinas). O plano familiar aumentará de £19,99 para £21,99, e o plano Duo (para duas pessoas) subirá de £16,99 para £17,99. Esses planos incluem 15 horas mensais de audiolivros, embora nos planos Duo e Familiar, apenas o gerenciador da conta receba o benefício. O plano de estudante permanece inalterado em £5,99, mas não inclui o acesso aos audiolivros.

Essa estratégia de preços tem se mostrado eficaz. O diretor financeiro da empresa, Christian Luiga, observou que os aumentos de preços, combinados com o crescimento de assinantes, impulsionaram o aumento de 16% na receita de assinaturas no segundo trimestre. Como o número de assinantes cresceu apenas 12%, fica evidente que os aumentos de preços foram o principal fator desse crescimento.

O Reino Unido não está sozinho. O Spotify já aumentou os preços na França (6º maior mercado) e na Alemanha (4º maior). Analistas de mercado agora preveem que os Estados Unidos, o maior mercado mundial, sejam os próximos a receber um reajuste, possivelmente até o início de 2026.